domingo, 30 de janeiro de 2011

O Cristão e a administração do tempo
Nem de longe era o melhor jogo do mundo, nem o mais moderno. Na verdade, era bem obsoleto já naquela época. Mas era suficiente para entreter a mim e a meu irmão por quase uma tarde inteira. Era meados de 1993 e aquele Atari era nosso parque de diversões. Com direito a dois controles (com enormes botões amarelos, por sinal!), aquele videogame tomava grande parte de nosso tempo.

Eu sempre fui um aluno dedicado, tirava boas notas na escola e cumpria com minhas obrigações em casa, mas minha mãe parecia realmente preocupada com o efeito que aquele console preto poderia fazer com nosso rendimento escolar. Ela, então, estabeleceu um parâmetro que meu irmão e eu não achamos muito justo na época: uma hora de videogame por dia para cada. E se as notas abaixassem, ela tiraria o doce de nossas mãos. Na hora pareceu algo muito severo, mas ela não poderia estar mais certa. Ela impôs um limite, uma ordem, um tempo pré-estabelecido. E assim foi feito. Meu irmão e eu passamos a entender que tudo na vida tem o seu tempo, o seu momento.

Veja o que a Bíblia nos ensina em Eclesiastes 3.1-8: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz”.

O Senhor nos concede o tempo para que o administremos. Podemos, porém, ser bons, relapsos, ou maus administradores. Tudo o que fazemos deve estar em plena harmonia. Quando você aproveita o tempo satisfatoriamente está mostrando para Deus que sabe lidar com as oportunidades que ele lhe concede com zelo e responsabilidade.

Nosso Pai é o administrador por excelência do tempo. Basta lembrar o brilhante trabalho que fez com a Criação, trazendo à existência tudo em seu devido momento. Sua administração é o nosso grande exemplo.

Se levarmos em consideração que a expectativa de vida do cidadão brasileiro, baseada em pesquisas recentes, é de 73 anos, percebemos claramente a brevidade da nossa existência.

O tempo é uma preciosa dádiva que devemos utilizar com sabedoria. O salmista, ao declarar “ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Salmo 90.12), demonstra seu entendimento acerca da administração do tempo. Somente através do correto aproveitamento do tempo é que somos capazes de viver em harmonia e satisfação no Senhor.

Creio que, assim como eu, você também conheça algumas pessoas que têm sérios problemas em administrar o tempo. Expressões como “eu não tenho tempo” ou “não me sobra tempo para nada” são comuns para você ou para algumas pessoas que lhe cercam?

Para algumas pessoas, o tempo realmente passa voando. Elas até se perguntam para onde ele foi. É evidente que o tempo é o mesmo para todas as pessoas. O que ocorre é o mau uso dele. Não devemos sufocar o tempo com atividades em demasia e sem qualquer priorização.

É necessário planejar a distribuição do tempo consoante o grau de importância das tarefas que iremos executar. Dar muito tempo a atividades meramente lúdicas pode atrapalhar uma pessoa que tenha um prazo importante a ser cumprido no trabalho, por exemplo. Do mesmo modo, dedicar-se unicamente ao seu trabalho, esquecendo-se da família é altamente prejudicial. A harmonia é sempre o melhor caminho.

Para outras pessoas, a frase “não tenho tempo” também é bastante comum. O que ocorre não é, necessariamente, a falta de tempo, mas os critérios de prioridade no tempo que essa pessoa dispõe. A má administração do tempo só traz desorganização. Muitas vezes isso funciona como uma desculpa para não assumir compromissos com o Reino de Deus, pois essas pessoas se dizem muito atarefadas na sua vida secular. É uma válvula de escape para não trabalhar em prol de algo muito maior.

Como administrar o tempo? Cada segundo é precioso. Lembre-se de que o tempo não volta atrás, por isso desperdiçá-lo implica em perdê-lo para sempre. Não há como aproveitar novamente a oportunidade que passou. O Senhor nos concedeu o tempo para que o usemos sabiamente. “Perder tempo” com conversas fúteis, que não nos trazem edificação, é um péssimo hábito que deve ser veemente combatido.

Planeje seu tempo. O tempo é predeterminado por Deus, pois “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3.1). O bom uso do tempo se refere a um planejamento metódico de suas atividades. Se você tem algum prazo para cumprir, planeje suas atividades de modo a não prejudicar seus compromissos, tanto pessoais quanto profissionais.

O apóstolo Paulo concede uma sugestão para os “atrasados de plantão”: “não sejais vagarosos no cuidado” (Romanos 12.11). O apóstolo nos ensina que a pontualidade faz parte do caráter cristão. Se você não é pontual em seus compromissos particulares, certamente irá ter dificuldades com as coisas de Deus. Nesse sentido, “coisas de Deus” implica vários aspectos, como chegar tarde aos cultos, não ter tempo para ia à escola bíblica ou mesmo não ter tempo para orar em casa. Note que tudo está intimamente ligado à administração do tempo que nos é dado.

Procure aproveitar ao máximo o tempo. Sei que é uma tarefa difícil para quem tem uma vida profissional bastante intensa e desgastante, mas dê prioridade às coisas espirituais. Não conheço ninguém que tenha passado mal por ter ido ao culto ou ter orado mesmo depois de ter chegado tarde em casa por causa de um serviço extra no trabalho. Pelo contrário, os benefícios são incontáveis!

Aproveite melhor seu tempo. Procure priorizar seu contato com Deus. Creio que você não se arrependerá dos resultados.


Renato Collyer