quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Revista Mundo Evangélico
A revista Mundo Evangélico, excelente publicação cristã com grande prestígio no meio editorial, publicou meu artigo intitulado "O novo nascimento" na sua edição de outubro de 2010.

Para ver a chamada do artigo, basta acessar o site da revista. No site também é possível comprar a revista, com pagamento via boleto ou cartão de crédito. Boa leitura!

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Combatendo o evangelho egocêntrico (2/2)
Muitos cristãos estão se conformando com o mundo. Esqueceram-se de sua missão. Estão tão à vontade com os ditames da sociedade que só pensam em si mesmos, deixando para trás a pregação da Verdade de Cristo. Estão vivendo um evangelho em causa própria, unicamente para suprir suas necessidades pessoais.

Deus não é um mero facilitador das coisas, nem tampouco está conosco para atender nossas vontades. O evangelho de Cristo não serve para nos colocar em uma situação confortável. Nosso foco deve ser anunciar a Palavra da Salvação. Uma Igreja deve ter como principal objetivo a visão missionária e não a satisfação pessoal de seus membros. Não permita que o evangelho egocêntrico tome conta da sua comunhão com o Pai.

O evangelho de Cristo fala de uma mudança pessoal. Não se refere a fatores externos. Não espere que o mundo esteja em total harmonia para agir corretamente. Mesmo que os valores da sociedade estejam deturpados, em desacordo com os preceitos bíblicos, os filhos de Deus devem refletir sua divina vontade, agindo com amor e compaixão e não se rendendo ao mundo, tentando adequar-se a ele.

O grande problema de acomodar-se ao mundo é a permissividade que isso traz. Acabamos aceitando práticas e costumes dentro de nossos lares e dentro das igrejas que antes eram fortemente combatidos. Permissividade é permitir em nossas vidas algo que sabemos que está errado. É ser tolerante com algo que sabemos não agradar a Deus. O crente permissivo ou tolerante esquece o padrão do Senhor para determinadas atitudes e se acostuma com suas debilidades. Acaba por ficar cego, não percebendo o que faz, pois para ele tudo está correto.

Em Apocalipse 2.18-20, lemos: “E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente: eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras. Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria” (ênfase do autor).

Quem tolera, ainda admite o pecado. Ou pior, considera-o uma prática lícita aos olhos de Deus. Quando somos tolerantes e nos acostumamos com nossos pecados, começamos a dar mau exemplo. As más atitudes viram uma reação em cadeia, pois começamos a tolerar o pecado não só em nossas vidas, mas também na vida dos outros irmãos em Cristo, pois se você o condena, condena a si mesmo.

Já ouvi algumas pessoas adeptas a essa modalidade de evangelho falarem: "Deus não se importa com meus hábitos, ou com o modo como me visto. Ele não liga pra isso, ele só olha o coração".

A concepção de que Deus “só olha o coração” pode ser um instrumento usado pelo inimigo para afastar muitas pessoas da presença do Pai. Em um sentido espiritual, nosso coração exerce uma função primordial. É justamente por Deus “olhar o coração” que as atitudes e os comportamentos exteriores são tão importantes.

Nosso corpo fala e se expressa de acordo com nossos sentimentos, de acordo com o estado emocional e espiritual em que estamos. Falar que Deus não liga para nosso exterior, não liga para o modo que nos apresentamos à sociedade é aceitar a teologia da permissividade, em que pequenas coisas passam a fazer parte do cotidiano do cristão. É um caminho, uma pequena brecha que o inimigo usa para roubar nossa intimidade com o Pai.

O Senhor concedeu ao homem liberdade de escolha. Infelizmente, o sentimento de liberdade exacerbada tem levado aos lares cristãos verdadeira degeneração, tendo, por conseguinte, reflexos na igreja, que é constituída de famílias, o grande núcleo celular em que Deus age.

Desse modo, os princípios bíblicos são vistos sob o prisma da relatividade, em que tudo é maleável e adaptável a novas situações, oriundas da “evolução” da sociedade (comportamento e linguagem, principalmente).

Quando tudo se torna relativo, não há princípios prontos e acabados, mas construídos diariamente a partir das experiências pessoais. E isso é preocupante e muito perigoso. O homem está tentando reescrever os preceitos divinos e adaptá-los consoante seus próprios interesses.

O Senhor é um Deus de misericórdia e amor, porém não é complacente com o pecado. Ele não aceitou o pecado antes e não o aceita agora. Sua palavra é imutável. O grande erro do homem é pensar que Deus se adapta às necessidades humanas no decorrer da história.

Deus não muda seus preceitos de acordo com as mudanças sociais ou com a modernidade do homem. O que era pecado ontem, continua sendo pecado hoje e ainda continuará sendo até o final dos tempos.

A inobservância dos princípios divinos leva o homem ao caos moral, perceptível em nossos dias em que filhos se revoltam contra seus pais, chegando até a agressão física, estágio em que as ofensas verbais são constantes. Não há temor, somente indiferença à voz de Deus.

A salvação do homem depende somente da sua disposição em receber a graça de Deus. Entenda que Deus nos concedeu o livre arbítrio para que tenhamos responsabilidade. Somos os próprios responsáveis pelas nossas atitudes, pois a liberdade pressupõe esse encargo.


Renato Collyer




terça-feira, 12 de outubro de 2010

Combatendo o evangelho egocêntrico (1/2)
Na carta aos romanos, está escrito: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).

Em outras palavras, o apóstolo Paulo estava querendo dizer: “Não sigam as regras deste mundo, não ajam de acordo com os ditames desta sociedade corrupta, sejam agentes modificadores dela. Sejam influenciadores e não influenciados!”

Há algum tempo ouvi uma história. Talvez uma daquelas histórias que nos fazem refletir sobre nossas atitudes. Vou compartilhá-la com você.

Todas as noites, uma criança orava fazendo a Deus o seguinte pedido:
“Deus, desejo que você transforme o mundo”. Os olhos do pequeno menino não aguentavam mais contemplar tanta violência, miséria e medo. Seu coração clamava por mudanças.

O mesmo pedido continuou a ser feito durante muitos anos. À medida que a criança crescia, o pedido mudava. O garoto percebeu que mudar o mundo era muito complicado. Talvez Deus estivesse ocupado com coisas mais importantes, pensou ele. Então, passou a limitar seu pedido:
”Deus, desejo que você transforme meu país”.

Os anos se passaram, e o menino, agora mais velho e desiludido, pedia:
"Deus, desejo que você transforme minha cidade”. O pedido foi se tornando cada vez mais específico: “...meu bairro, minha rua, minha casa”. Depois de muitos anos, o pequeno garoto tornara-se um homem velho e cansado, porém seu coração ainda estava esperançoso. Vendo, porém, que nada havia mudado, ele fez uma última oração: “Deus, desejo que você transforme primeiramente a mim!”

Essa pequena história ilustra de modo prático o que Paulo disse aos romanos.
Não adianta mudar o mundo. É preciso mudar as pessoas. É preciso mudar as atitudes, e não se conformar com este mundo.

As palavras de Paulo são o carro chefe do combate ao evangelho egocêntrico.

O
egocentrismo é o estado de espírito do egocêntrico, que se refere ao ego, ao eu, considerado como o “centro do universo”. De igual modo, o egoísmo é um sentimento ou maneira de ser dos indivíduos que só se preocupam com seus próprios interesses, com o que lhes diz respeito.

O indivíduo egocêntrico se torna distante de tudo que está ao seu redor, preocupando-se unicamente com o que lhe interessa. Diante disso, utiliza o
ego para satisfazer suas necessidades que ora são superficiais e ora não passam de simples desejos.

O
ego é a soma total dos pensamentos, idéias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. É a parte mais superficial do indivíduo, ao qual modificada e tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção e controle, de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que emanam do indivíduo. O ego é a consciência, pequena parte da vida psíquica. Obedece ao princípio da realidade, ou seja, a necessidade de encontrar objetos que tragam um sentimento de plena satisfação.

Em um coração onde somente o
eu habita, não há lugar para se preocupar com os outros, não há espaço para a verdadeira missão do cristão, a pregação da Palavra.

O
evangelho egocêntrico empregado aqui é o antônimo de evangelho cristocêntrico. Quando uma pessoa se utiliza do evangelho esperando alcançar somente bênçãos para si está caminhando na contramão das palavras de Jesus: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15).


Renato Collyer
(continua...)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Um amor que não estabelece
É simplesmente incrível e cativante o modo como um bebê observa, encantado, sua mãe. Ele não a ama pelo fato de que ela representa seu meio de sustento, sua provisão direta. Seu amor não é baseado em sua dependência. Na verdade, essa noção de um amor condicional está longe de ser entendida por um ser tão pequeno e carente.

Durante seu estado fetal, o bebê apenas recebia e em nada contribuía para seu desenvolvimento. Sua atitude passiva, entretanto, representou seu grande triunfo. Ao sair do ventre de sua mãe, seus olhos não conseguiram distinguir o fascinante mundo em que agora se encontra. Sua noção de espaço era limitada, sua percepção era limitada. Sua vida era limitada.

Para o bebê, sua mãe representa o verdadeiro liame entre dois mundos. Antes, sua casa, agora, sua fonte de sobrevivência e o caminho para sua nova vida. Mas essa é uma percepção que está longe de ser acatada por um ser tão pequeno e ingênuo.

Para a pequena criança, sua mãe é tudo. Seu olhar, seu carinho, sua atenção. Seu mundo gira em torno dela. E não há condições. Sua mãe não precisa fazer nada para ter seu amor. Não precisa enchê-la de presentes ou lhe falar coisas que a agradem. Não precisa lhe dizer o quanto suas bochechas são rosadas ou o quanto sua pele é macia. Não precisa dizer o quanto seu sorriso ainda sem quaisquer dentes a deixa tão feliz.

Um amor que não estabelece condições. Um amor incondicional. É exatamente disso que precisamos. “Mas uma boa dose de condições não faz mal a ninguém”, você deve estar pensando. Um amor educado, simpático, companheiro e que faça exatamente tudo o que desejo é sempre bem vindo. Entenda, entretanto, que quando fazemos do acessório o principal as coisas começam a desandar.

Quando criança, minha família e eu nos mudávamos frequentemente de cidade em função do trabalho de meu pai. Já perdi a conta das amizades que deixei para trás e das inúmeras boas lembranças, que guardo em lugares secretos da minha mente. Em alguns momentos, elas reaparecem, me trazendo boas percepções.

Porém, mas árduo do que fazer novas amizades ou iniciar o ano letivo em uma escola totalmente nova bem no meio do semestre é encaixotar as coisas. E mais difícil do que encaixotar as coisas é tirar essas coisas de dentro das caixas. Como somos capazes de guardar tantos trecos, não é mesmo? Faça um teste: consiga uma caixa bem grande e comece a enchê-la de coisas que não usa mais. Você irá perceber que no final do dia aquela caixa que parecia enorme no início da aventura se revelou ineficaz diante de tanta coisa velha!

Sempre que começávamos a arrumar as coisas na nova casa, meu pai dizia: “Não dêem tanta importância aos detalhes. Vamos nos concentrar nas coisas mais importantes”. Porém a frase que eu mais gostava de ouvir era: “Se concentrem no bolo, não no glacê”. Talvez sem querer, meu pai me ensinou uma grande lição. Quando nos concentramos muito nos detalhes, deixamos de dar valor ao que realmente importa. Quando nossa atenção é desviada para a cobertura, nosso bolo pode queimar!

Você já notou que quando nos aproximamos demais de uma pintura, as imperfeições saltam aos olhos? Nosso olhar vai diretamente para onde está o erro. “Ali está! O pintor deixou de dar um acabamento final nesse pedaço aqui”, dizemos. Quando nos detemos aos detalhes, não apreciamos a beleza da totalidade da obra. Quando nos deixamos ser levados pelos detalhes, perdemos o maravilhoso espetáculo da vida!

Talvez visto de perto todo o relacionamento tenha suas imperfeições. Ou, de longe, todo casamento, namoro, ou amizade sejam perfeitos. Mas o que procuramos não é a perfeição. Procuramos erros! Isso mesmo, sempre estamos procurando erros. Algumas pessoas em graduação menos elevada, mas todos procuramos os erros. Porque isso acontece? Talvez para que possamos nos enganar ao pensar que temos as respostas certas. E é justamente nas respostas certas que residem as condições.

Quando seu amor é condicional, você está assumindo que somente você possui as respostas certas. Quando um relacionamento é pautado em condições, o foco é desviado para o que o outro pode oferecer e não do que eu posso abrir mão. As condições funcionam como verdadeiras bombas-relógio com o contador quebrado. Não se sabe quando ocorrerá a explosão. Mas uma coisa é certa: quem estiver por perto na hora em que ela acontecer não sairá ileso.

Nas exatas palavras de meu pai: “Se concentrem no bolo, não no glacê”. Como seres humanos, somos imperfeitos. E parece que por não aceitarmos isso, tentamos transferir nossas responsabilidades. Por não tentar entender e aceitar as pessoas com seus erros e suas limitações, damos muita atenção aos detalhes e não ao que realmente importa.

Experimente não dar tanta importância aos pequenos erros da pintura. Se você, assim como eu, é uma pessoa detalhista, dê atenção aos pequenos bons detalhes. Um simples sorriso sincero. Um abraço, mesmo que tímido. Um caloroso aperto de mão. Um verdadeiro elogio. E, principalmente, jamais cole seu amor junto ao quadro de sonhos impossíveis. Não estabeleça condições. Como uma inocente criança, esteja disposto a amar. Também esteja disposto a aceitar. E a errar. Erre bastante. Não tenha medo de errar. O erro nos torna humanos e passíveis de entender os outros.

Cultive um amor desinteressado e esteja pronto para colher os frutos de um relacionamento pautado no amor de Deus.


Renato Collyer
(artigo publicado pelo site www.icrvb.com em 24.09.2010)