sábado, 29 de maio de 2010

O amor aceita o erro (parte 1 de 3) E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se; então disse ele: Eu sou José vosso irmão, a quem vendestes para o Egito (Gênesis 45.4)

Quando os irmãos de José o venderam como escravo, ele tinha apenas dezessete anos. Mesmo enfrentando o ódio de seus próprios irmãos e sendo amargamente separado de seus pais, José atingiu a posição de supervisor da casa de Potifar, seu dono egípcio.

Porém, José foi atingido pelo desastre novamente. Depois de ter sido recusada pelo jovem, a mulher de seu senhor falsamente o acusou de assédio. José não cedeu aos avanços sexuais da mulher. Pelo contrário, fugiu de sua presença e pagou um alto preço por isso.

José foi posto na prisão. Deus, entretanto, esteve com ele durante os dois anos em que permaneceu ali. Em meio à dor e ao sofrimento, Deus concedeu um escape. Faraó, rei do Egito, estava ansioso para que alguém fosse capaz de interpretar o sonho que tivera. Nem os magos e os feiticeiros foram capazes de fazê-lo. Pelo poder de Deus, José foi capaz de interpretar o sonho de Faraó, sendo, em seguida, colocado em posição de poder próxima a do próprio rei.

José se tornou o encarregado pelo armazenamento e distribuição dos cereais em toda a terra do Egito e suas províncias.

Conforme José havia interpretado o sonho de Faraó, os sete anos de fartura haviam acabado e uma grande seca assolou a terra do Egito. Durante os próximos sete anos, haveria fome em toda a terra, mas, no Egito, havia mantimentos, por causa do sonho do rei e da interpretação de José.

Jacó, então, envia seus filhos para o Egito para comprarem mantimentos. José poderia ter se vingado de seus irmãos. Ele poderia fazer mal àqueles que tinham pecado contra ele anos atrás. A Bíblia, entretanto, narra justamente o contrário. José colocou seus irmãos à prova e tendo visto o arrependimento deles, recebeu-os com lágrimas e afeto. Ele os havia perdoado.

Muitas pessoas no lugar de José não teriam liberado o perdão. Parece que fica mais difícil perdoar quando temos um maior grau de intimidade com aqueles que nos ofendem. Jesus ensinou, todavia, que a falta de disposição para perdoar os outros nos retira o perdão de Deus. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.14-15).

Perdão quer dizer, literalmente, cancelar ou remir. Significa também a liberação ou cancelamento de uma obrigação. No sentido bíblico, o termo perdão é utilizado para esquecer um débito financeiro. Sob esse enfoque, devemos entender que o homem é um devedor espiritual ao pecar contra Deus.

Ao ensinar seus discípulos a orar, Jesus fez uso desta linguagem figurativa de perdão como esquecimento de dívidas. “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (ênfase do autor) (v. 12).

O homem se torna devedor e carente do perdão divino ao transgredir a lei de Deus. Cada pecador precisa suportar a culpa de sua própria transgressão e a justa punição do pecado praticado. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 6.23).

Jesus pagou o preço mais alto por nós. Através de sua morte na cruz, fomos redimidos. Ao aceitarmos o sacrifício de Jesus, confessamos que necessitamos do perdão divino. Deus aceita a morte de seu único filho como pagamento de nossos pecados, livrando-nos da culpa por nossas transgressões.

Por causa do sacrifício vivo de Jesus, não mais ficamos perante o Pai como infratores de sua lei. Somos perdoados pela sua infinita graça. Através do perdão de Deus, somos livres da condenação. Fomos libertos da culpa do pecado. O Senhor definitivamente apaga de sua memória qualquer lembrança ruim a nosso respeito. “Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais” (Hebreus 8.12).

Não estou dizendo que Deus tem memória fraca. Não se trata disso. Excepcionalmente, ele se lembrou do pecado que Davi cometeu contra Bate-Seba e Urias mesmo depois de tê-lo perdoado há muito tempo (1 Reis 14.5).

Deus, através do perdão, livra-nos da dívida do pecado, é dizer, cessa de imputar a culpa desse pecado. “Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado” (Romanos 4.7-8).

O perdão divino liberta o pecador da culpa pelo pecado. Este é o verdadeiro sentido ao dizer que Deus “esquece” quando perdoa.


Renato Collyer
(continua...)

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