segunda-feira, 5 de julho de 2010

A virtude dentro de cada um

Salomão estava certo. Ele sabia do que estava falando. Quem poderia entender melhor do assunto? Sua sabedoria era sua excelência. E suas palavras, verdadeiras obras-primas. Ele soube valorizar.

No auge de seu entendimento, escreveu em Provérbios, capítulo 31, certas palavras que marcariam, pois inverteriam a concepção natural de uma sociedade. Ele valorizou. Ele simplesmente deu valor a quem merecia.

Salomão começa seu lindo poema com uma pergunta: “Mulher virtuosa, quem a achará?”

Será que isso significava uma espécie de desafio?

Assim como o processo de lapidação de uma jóia, a virtude exige certos cuidados. Salomão sabia disso.

A virtude é companheira da sinceridade, da amizade e, principalmente, da lealdade. Do latim virtus, a virtude é uma qualidade particular. Tem um caráter personalíssimo, uma vez que uma pessoa não pode simplesmente entregá-la a outra. É uma inclinação moral e estável para a prática do bem. Uma única boa atitude não torna uma pessoa virtuosa. A virtude exige reiteração. Uma inclinação ou aptidão pessoal. E é claro que Salomão sabia disso.

E se trocarmos a pergunta: “Uma pessoa virtuosa, quem a achará?”

O rei Salomão sabia que a virtude é o conjunto de práticas constantes, reiteradas, que levam uma pessoa para o bem. Por isso, o motivo da pergunta.

Para Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental, a virtude representa disposição adquirida para a realização do bem. Essa disposição se aperfeiçoa com o hábito, ou seja, a reiteração. Para o filósofo grego, toda racionalidade prática é destinada a um fim, é dizer, a finalidade suprema é a felicidade. Essa felicidade (eudaimonia) não encontra sustentação ou razão de ser nas riquezas materiais, mas, sim, na virtude, ou melhor, numa vida virtuosa.

Para Aristóteles, em sua obra mais importante sobre Ética, “Ética a Nicômaco”, diferentemente de nosso atual conceito, a virtude é um “justo meio”, a execelência de cada ação, o fazer bem feito, a medida justa, cada pequeno ato praticado por uma pessoa.

O apóstolo Paulo escreveu que de todas as virtudes (fé, esperança e amor), “a maior destas é o amor” (1 Coríntios 13.13).

Não vejo outra melhor maneira de finalizar uma reflexão sobre virtude do que falando sobre o amor. Somente o amor, baseado no grande e excelente amor de Deus, nos torna capazes de praticar a virtude. Não como algo esporádico, mas como uma busca constante em nossas vidas. Busque-o.


Renato Collyer

Um comentário:

  1. Muito bom o texto Renato. Ja virei fa do blog, to sempre passando aqui

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